Com Michelangelo, nova metodologia aplicada a sistema de I.A. ganha reconhecimento da Universidade de Bolonha e da Sapienza de Roma
Átila Soares da Costa Filho
Cópia romana do século XVI para a “Pietà Colonna” (detalhe): desenho original de Michelangelo teria sido matriz para polêmica pintura, agora submetida a nova Inteligência Artificial. (IMAGEM: Coleção privada / Invaluable)
A busca por algum elo que pudesse ligar o maior artista sacro da História à maior das relíquias sagradas foi o propósito que levou o designer especialista brasileiro, Átila Soares da Costa Filho, a desenvolver um estudo sobre as implicações do Santo Sudário de Turim na obra de Michelangelo Buonarroti (1475-1564), um dos maiores gênios da Humanidade. Em um artigo publicado em inglês, Átila confirma uma série de conexões cuja associação tem sido, há séculos, "injustificável e estranhamente desprezada nos meios acadêmicos, tanto nos estudos teológicos quanto na História da Arte”, segundo o autor. A fim de buscar evidências para suas ideias, Átila se valeu de uma metodologia própria, que batizou de “Luminari”, aplicada a um modelo privado de Inteligência Artificial sobre o qual conduziu uma bateria de testes a analisar uma polêmica obra do mestre renascentista.
Os resultados revelariam altos percentuais de compatibilidade gráfica entre esta obra, uma versão obscura de “La Pietà Colonna”, e o estilo particular de Michelangelo. A pintura, submetida aos holofotes globais desde 2010, é uma herança de família, protegida durante 40 anos pelo ex-coronel da Força Aérea dos EUA, Martin Kober, residente em Buffalo (NY). Chegou a ser endossada pelo renomado especialista em Michelangelo, o historiador e restaurador italiano Antonio Forcellino, que foi além e a identificou como um original perdido dedicado a uma paixão platônica do artista, a poetisa Vittoria Colonna (Marquesa de Pescara). O trabalho, na verdade, é resultado direto de um desenho de mesma composição de 1538, assinada por Michelangelo e hoje, no Museu Isabella Stewart Gardner, Boston.
Inicialmente o sistema Luminari estabeleceu um valor-padrão como ponto de partida para qualquer teste em obras de ou atribuídas a Michelangelo ou a seus seguidores e imitadores. Em outras palavras, esse número se refere à "purificação" das probabilidades matemáticas de acordo com os critérios típicos da escola de Michelangelo (incluindo o próprio): é uma grandeza comum alcançada - em todo o espectro histórico-artístico - que torna um Michelangelo um verdadeiro Michelangelo. Em seguida, a tecnologia neural apresentou os valores correspondentes à identificação algorítmica das peculiaridades exclusivas da técnica e do estilo de cada um dos artistas incluídos na seleção. Em um outro nível, ela também exibiu estatisticamente os candidatos menos prováveis (como autor) em ordem decrescente - uma possibilidade puramente especulativa (devido aos pontos de correspondência gráfica) - e baseada na lógica aritmética pura.
Assim, somando as porcentagens nas duas etapas de "depuração", curiosamente se verifica que o corpo seminu de Cristo nos exames seria das mãos de Michelangelo, com uma porcentagem de 77% de correspondência (sendo 75% o mínimo estabelecido para a autenticidade). E o provável coautor seria um discípulo seu, Marco di Giovan Battista (1521-15830), apelidado Marco Pino ou “da Siena”, com uma significativa porcentagem de 98% de correspondência. Aparentemente, Michelangelo foi pessoalmente responsável pela "cereja do bolo", ou seja, o corpo de Cristo.
Não obstante, para Átila Soares, a grande contribuição de uma tecnologia tão complexa quanto a de I.A. precisa se alinhar, em casos assim, a uma metodologia controlada, onde as tão prováveis chances de falsos positivos se reduzam ao máximo possível. Segundo ele, uma das grandes dificuldades dos sistemas de Inteligência Artificial especializados na atribuição de obras de arte reside no fato de que, em muitos casos, eles lidam com possíveis artistas cuja produção é muito baixa. O motivo é óbvio: a premissa do aprendizado de máquina é que, quanto mais exemplos houver para se construir um banco de dados - ou uma biblioteca –, mais segura será a resposta. É com base nesses dados que será criada uma assinatura digital para cada artista.
Como lidar, então, com certos autores escassamente prolíficos, cuja produção não é compatível com o número mínimo satisfatório de obras a serem computadas? Como será formada essa "assinatura algorítmica"? Para se ter uma ideia, o autor das duas obras mais famosas da história, a “Mona Lisa" e a "Última Ceia", Leonardo da Vinci, tem apenas 15 pinturas universalmente aceitas e autenticadas, ao passo que Pablo Picasso conta com, aproximadamente, 50.000 obras. Uma das competências do método Luminari é capaz de prever tal situação, sendo capaz de criar prontamente a possibilidade de fornecer uma resposta. Esta fórmula, uma técnica privada e exclusiva, que a nova metodologia traz ao cenário da expertise e Ciência da Arte, é protegida por motivos de propriedade intelectual, tendo já sido assunto em meios de comunicação como a MICROSOFT, o IL GIORNO (um dos maiores jornais da Itália), a ALETEIA (França), a ONET (Polônia), e os periódicos latino-americanos, SER COLOMBIANO e SER PERUANO, dentre outros. E é exatamente sobre este ensaio de Átila Soares que o anuário Conservation Science in Cultural Heritage se debruça em sua vigésima terceira edição:
https://conservation-science.unibo.it/article/view/20081/18273.
A revista acadêmica internacional - referência de renome na área - é editada e publicada por Gangemi Editore (Roma) e Alma Mater Studiorum – Universidade de Bolonha, e conta com a colaboração de conceituadas entidades entre as quais a Universidade Sapienza de Roma, a Universidade de Bari, a Universidade de Palermo e a Universidade de Sevilha. Seu editor-chefe e mentor é o Prof. Salvatore Lorusso, conselheiro da Sociedade Italiana para o Progresso da Ciência, também fundador do Laboratório Diagnóstico para o Patrimônio Cultural da Universidade de Bolonha, campus de Ravenna.
* Prof. Átila Soares da Costa Filho é bacharel em Desenho Industrial (PUC-RIO) e pós-graduado em Filosofia, Sociologia, História da Arte, Arqueologia, Patrimônio, História e Antropologia. É membro do Conselho Científico na Mona Lisa Foundation (Zurique), na Fondazione Leonardo da Vinci (Milão), no projeto L'Invisibile nell'Arte c/o Comitê Nacional para a Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Roma), e na revista internacional técnico-histórica, Conservation Science in Cultural Heritage, publicada pelo Departamento do Patrimônio Cultural da Universidade de Bolonha (campus de Ravenna).
Cf.: https://professoratilasoares.weebly.com