INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CONFIRMA QUE "CRISTO DI LECCO”
É AUTÊNTICO DA VINCI
Especialista traz à luz seu mais recente experimento com Inteligência Artificial sobre obra do renascentista
Por Átila Soares da Costa Filho
O "Cristo di Lecco" pode ter sido a inspiração, mesmo, para o "Retrato de Cristo" (acima), da Escola Lombarda do século XVI - MNBA, Rio de Janeiro (IMAGEM: WikiCommons)
O autor e especialista Átila Soares da Costa Filho, bacharel em Desenho Industrial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (referência lationoamericana em desenvolvimento de tecnologia da informação), e com especialização em Arte e Tecnologia, História da Arte e Patrimônio, traz à luz seu mais recente experimento com Inteligência Artificial sobre o “Cristo de Lecco". A obra se trata de uma sanguínea do século XVI, fortemente atribuível ao gênio da Renascença, Leonardo da Vinci, e pertencente a uma coleção particular na Itália. E foi também sobre a mesma que Átila já havia participado do desenvolvimento de uma metodologia de I.A. para autenticação de obras de arte, a "Luminari".
Naquele momento, o desafio era a criação de um algoritmo “treinado” para achar compatibilidades entre informações cruzadas, extraídas da produção artística de um determinado pintor ou desenhista em todo seu modus operandi. Com esta noção – ou valores matemáticos -, o software iria submeter uma eventual obra aleatória a seu próprio crivo com a arquitetura de um sistema sobre redes neurais convolucionais. À época, os resultados com “Lecco” apontaram para uma probabilidade de 92% em favor do desenho ter sido produzido direto das mãos de Da Vinci. Lembrando que é universalmente aceito que bastam 75% de índice de compatibilidade com algum autor para que uma obra lhe seja declarada autêntica.
À medida que as pesquisas de Átila se expandiam, os diagnósticos do projeto se tornariam cada vez mais promissores. Agora, o mesmo vem confirmar os novos resultados sobre a atualização de sua tecnologia aplicada à sanguínea - basicamente, a inclusão de um balanceamento "inteligente" no dataset de treinamento X teste: "O que posso dizer é que os mesmos 92% de antes são apresentados novamente pela I.A. após este upgrade do sistema. Trata-se de uma ferramenta que só vem a agregar valor ao já vasto arsenal disponível nas mãos do connoisseur nas atividades de autenticação de uma obra. O futuro da humanidade é, inegavelmente, a inteligência artificial, e o trabalho de atribuição no campo das Artes não ficaria de fora em hipótese alguma."
Uma das contribuições da metodologia “Luminari”, segundo o professor, tem sido lidar com o desafio de artistas escassamente prolíficos, cuja produção não é compatível com o número mínimo satisfatório de obras a serem computadas. Para se ter uma ideia, o próprio Leonardo tem apenas 15 pinturas universalmente aceitas, ao passo que Pablo Picasso conta com, aproximadamente, 50.000 obras. Uma das competências deste sistema é prever tal situação, sendo capaz de criar prontamente a possibilidade de fornecer uma resposta. A fórmula, uma técnica privada e exclusiva que “Luminari” traz ao cenário da expertise e Ciência da Arte, é protegida por motivos de propriedade intelectual. E é exatamente sobre esta, aplicada a uma pintura de Michelangelo, que o anuário Conservation Science in Cultural Heritage se debruça em sua edição atual:
https://conservation-science.unibo.it/article/view/20081/18273.
A revista acadêmica internacional - referência de renome na área - é editada e publicada por Gangemi Editore (Roma) e Alma Mater Studiorum – Universidade de Bolonha, e conta com a colaboração de conceituadas entidades dentre as quais a Universidade Sapienza de Roma, a Universidade de Bari, a Universidade de Palermo e a Universidade de Sevilha.
O especialista brasileiro, Átila Soares, que já foi autor da reconstituição do rosto da Virgem Maria, também por IA, assim como descobridor do Sudário de Turim em alguns dos trabalhos de Leonardo, é membro do conselho científico na Mona Lisa Foundation (Zurique), na Fondazione Leonardo da Vinci (Milão), no projeto L'Invisibile nell'Arte com o Comitê Nacional para a Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Roma), no Centro Studi Leonardeschi (Varese, Itália) e na revista internacional técnico-histórica, Conservation Science in Cultural Heritage - publicada pelo Departamento do Patrimônio Cultural da Universidade de Bolonha.