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Acadêmico Brasileiro pode ter elucidado enigma do amante de Da Vinci

Um dos grandes mistérios da História da Arte, pode estar em uma pintura em estilo Lombardo do século XVI

Átila Soares da Costa Filho

O “Redemptor Mundi" ("Cristo Redentor") se transforma numa das maiores polêmicas recentes do academicismo

(FONTE: Detalhe de "Redemptor Mundi", atribuído a Salai - Biblioteca Ambrosiana, Milão).

Um dos grandes enigmas na História da Arte nas últimas décadas repousa no canto inferior direito de uma pintura em estilo lombardo do século XVI, um óleo sobre madeira. A obra, medindo 57,5x37 cm, é atribuída ao conturbado aprendiz e jovem amante de Leonardo da Vinci, Gian Giacomo Caprotti (1480-1524), de cognome Salai ou, em sua forma diminutiva, Salaino. A mesma havia sido arrematada por 656 mil dólares, num leilão da Sotheby's em 2007, pelo empresário milanês Bernardo Caprotti, dono de uma rede de supermercados. Trata-se de um Redemptor Mundi vindo da Coleção Czernin (Viena) cujo novo proprietário - curiosamente, um xará de Salai - optaria por restaurá-la junta ao Opificio delle Pietre Dure, em Florença, antes de doá-la à Pinacoteca Ambrosiana de Milão em 2013.


E foi aí que surgiria, mais às claras, uma controversa inscrição: "FE – SALAI – 1511 - DINO". Contendo o termo “Salai”, este detalhe ainda permanece uma dúvida: seria isto ou não uma inédita assinatura do artista, ou uma referência ao próprio, enquanto modelo vivo para a pintura? O apelido “Salaino” havia sido dado por Leonardo, e vem a ser uma contração de “Saladino” - o nome do Diabo extraído do poema Morgante (1483), obra cavalariana do ocultista Luigi Pulci. O certo é que, com isto, a brincadeira ortográfica acabaria por conferir ao rapaz a alcunha de “diabinho”.


Segundo um dos mais notórios experts em Leonardo, o historiador Pietro Marani, a misteriosa inscrição, partindo do Latim, poderia ser: "FE [cit] - SALAI - 1511 – DI [e] NO [vembri]", "Salai fez (a obra em um) dia (de) novembro (de) 1511”. Esta interpretação acabou se tornando a melhor aceita - o que, porém, está longe de querer dizer que as discussões a respeito fossem interrompidas. Entretanto, o designer e expert em História da Arte, Arqueologia e Patrimônio, Átila Soares da Costa Filho, preferiu direcionar sua percepção para outro ângulo. Segundo o acadêmico brasileiro, seria "desenvolver um método mais simples e, por isto mesmo, mais provável de conduzir à realidade". E prossegue:A meu ver, a forma correta de se fazer a leitura seria na orientação vertical, em duas colunas - e não na horizontal, em duas linhas, como de costume. A própria disposição das quatro inscrições aqui parece sugerir ser esta a diretriz correta.” Assim, teríamos “FE / 1511 e SALAI / DINO", onde:

 


FE = FEBRUARIO (no Latim)

1511

SALAI = SALAINUS (no Latim)

DINO = DINOTUS (no Latim)


 

Então, traduzindo: “(Obra de) fevereiro (do ano de) 1511 (por) aquele conhecido como Salaino”. Átila conclui: “Em tempo, é necessário lembrar que este ‘Salainus dinotus' seria também pra reforçar a idéia de notabilidade de um Salai que buscava maior autonomia artística, já que 1511 foi um período de reafirmação pessoal para o ‘pupilo’”.

 

Interessante que aqui, ainda que por vias indiretas, Leonardo é o pivô de mais uma querela envolvendo mensagens ocultas e calorosas discussões catedráticas. Talvez o mesmo esteja padecendo de algum esconjuro do “diabinho” onde qualquer novidade que o relacione não lhe permita atingir a paz... nem no além.

 

O Prof.Átila Soares da Costa Filho é bacharel em Desenho Industrial (PUC-RIO) e pós-graduado em Filosofia, Sociologia, História da Arte, Arqueologia, Patrimônio, História e Antropologia. Atualmente integra os comitês científicos na “Fondazione Leonardo da Vinci" (Milão), na “Mona Lisa Foundation” (Zurique), no anuário acadêmico "Conservation Science in Cultural Heritage" - Universidade de Bolonha / Universidade La Sapienza (Roma) / Universidade de Sevilha (Espanha) -, e no “Comitê Nacional de Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental” (Roma). Também é autor do "Método Luminari”, de atribuição de obras de Arte através de Inteligência Artificial.

Cf.: https://professoratilasoares.weebly.com


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    As quatro inscrições (FE / SALAI / 1511 / DINO) já apresentam uma disposição que parece orientar para uma leitura vertical (FONTE: Detalhe de "Redemptor Mundi", atribuído a Salai – “La Repubblica" / Milano).

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